25 de abr. de 2010

São tempos difíceis para os sonhadores. (O Fabuloso Destino de Amélie Poulain)

Como pode um filme mudar a sua vida?

Esse é um questionamento que me faço com freqüência, e, buscando a resposta, percebo que só posso encontrá-la por meio de uma análise dos filmes que alteraram significativamente a minha percepção do mundo.



Le fabuleux destin d'Amélie Poulain (O Fabuloso Destino de Amélie Poulain) é certamente um desses filmes. Não somente pelo sentimentalismo e pela simplicidade, que são suas marcas principais, mas também pela identificação surpreendente que tive com a personagem. É como se Amélie pudesse traduzir muitas das minhas mais freqüentes indagações e tivesse a capacidade de oferecer possibilidades, chances de escolha, alternativas a meus questionamentos cotidianos. A sensibilidade de uma garota que recuperou a própria vida dando vida aos outros: é esse o ponto chave do filme. A maneira como Amélie interfere na vida alheia, com a intenção de simplesmente ajudar, de fornecer o sopro de vida que muitas vezes lhe falta, e a tradução de seus pensamentos e sentimentos fazem com que sejamos transportados para dentro de nós mesmos e promovem uma reflexão tão profunda quanto o próprio sentido do filme. Para aqueles que podem sentir o sopro de vida, que podem escutar corações batendo, que podem ler olhares e perceber almas, esse certamente é um dos melhores filmes.

Como pode O Fabuloso Destino de Amélie Poulain mudar a sua vida?
Impossível transpor em palavras. Só sentindo pra saber.



Pintor: "Ela prefere imaginar uma relação com alguém ausente do que criar laços com aqueles que estão presentes."
Amelie: "Hummm, pelo contrário. Talvez faça de tudo para arrumar a vida dos outros."
Pintor: "E ela? E as suas desordens? Quem vai pôr em ordem?"


A vida é o interminável ensaio de uma peça que nunca se realizará.


Quando o dedo aponta para o céu o idiota olha o dedo.



Se Amelie prefere viver no sonho e ser uma moça introvertida é direito dela. Pois estragar a própria vida é um direito inalienável.

Estranho o destino dessa jovem mulher, privada dela mesma, porém, tão sensível ao charme das coisas simples da vida...

Então, pequena Amélie, os teus ossos não são feitos de vidro. Podes levar algumas pancadas da vida. Se deixares escapar esta oportunidade, eventualmente o teu coração vai ficar tão seco e quebradiço como o meu esqueleto. Então, vai apanhá-lo!





Amélie vai ao cinema de vez em quando, às sextas. "Gosto de observar na escuridão as caras dos outros espectadores. E de notar o pequeno pormenor que mais ninquém verá. Mas odeio nos antigos filmes americanos que os condutores não olhem para a estrada." Amélie não tem nenhum homem; Experimentou uma ou duas vezes mas o resultado ficou aquém da expectativa. Em vez disso cultiva um gosto especial pelos pequenos prazeres. Mergulhar a mão em sacas de grão, partir o queimado do leite-creme com a ponta da colher...Fazer ricochetes na água do Canal St.Martin.






Sem você a emoção de hoje seria a pele morta da emoção do passado.

Um comentário:

Euclides disse...

Um dos melhores filmes que já vi. Bem ao jeito francês. Adorável assisti-lo.

Aconselho aqui o filme "Na mira do chefe" (In Bruges). Acho que vais gostar. Eu adorei.

abraços