17 de nov. de 2010

A arte de plantar/receber rosas - Por Livia Leal



Quem nunca recebeu algo em algum momento ou situação inesperada? Quem nunca, já contando os créditos e débitos do dia, pesando o ônus e o ônus da vida, foi surpreendido por uma doação gratuita, que não tem sequer a pretensão de ser correspondida?
É certo que hoje em dia tem ficado cada vez mais raro o simples ato de doar-se pelo simples fato de doar-se. A prisão que cada pessoa constrói sobre si mesma impede que a pureza da doação gratuita seja possível e que tudo acabe em um poço sem fim de favores e desfavores: nada é de graça, tudo tem seu preço.
Essa semana fui surpreendida por uma doação gratuita de uma rosa. E aquela rosa veio tão cheia de ternura e afeto, de uma maneira tão simples... sem que eu ao menos a tivesse plantado! Foi um dos melhores presentes que já recebi, porque não havia onerosidade alguma naquela entrega, não havia a necessidade de reciprocidade, apenas a liberdade da doação de um pedacinho de si mesmo a alguém. Aquela rosa veio apenas rosa, sem nenhuma exigência, sem nenhum peso.
O mundo tem carecido de espontaneidade e as pessoas, exigindo demais delas mesmas, acabam deixando escapar o momento de doar-se simplesmente, de amar gratuitamente, de sorrir sem ter porquê.
É preciso abandonar a sede por colher rosas para que se receba rosas gratuitas. É necessário entender que não se perde nem se ganha nesta vida; vive-se, apenas.

Um comentário:

Marlon Vitaca disse...

"É preciso abandonar a sede por colher rosas para que se receba rosas gratuitas." Não poderia ter expressado melhor.
Take care