14 de fev. de 2011

A (des)arrumação - Por Livia Leal



Hoje estava arrumando meu armário, como, aliás, faço com uma freqüência acima da média. Sinto sempre essa necessidade de renovar os ares, mudar, tentar o novo. Mas hoje isso aconteceu de uma forma bastante diferente.
Algumas roupas antigas ficam guardadas lá no fundo da gaveta, em um cantinho quase que secreto, quem sabe até empoeirado. Guardamos essas roupas sem saber por que, já que, na maioria das vezes, não usaremos mais e elas continuarão lá naquele canto secreto do armário, somente ocupando espaço.
No entanto, hoje resolvi usar uma dessas roupas. Tamanha fora minha surpresa ao ser questionada: “roupa bonita, é nova?”. Parei para pensar na resposta e acabei me perdendo nos meus pensamentos...
Percebi que temos sempre uma roupa dessa guardada no armário. No meio dessa necessidade de novidade, no meio da fugacidade do tempo e do descartável, existem coisas que permanecem. Estamos à procura de renovação de espírito, de recriação de nós mesmos, e quase sempre acreditamos ter conseguido.
No entanto, no fundo somos sempre os mesmos. Somos as roupas velhas guardadas sem serem mais usadas, como se, às vezes, tivéssemos que resgatar algo de bom no passado que ficou pelo caminho. Entre toda essa ânsia por renovação, é preciso ter o momento de sentar, remexer nas roupas antigas e relembrar quem somos, pois há coisas que realmente nunca mudam.

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