Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Um dia todos nós estaremos mudos, essa é a lei da vida. E o que fica é a saudade da melodia, do ritmo da pessoa que se foi. Fica um chiado meio angustiante, o eco da música que um dia foi cantada. Quem vai leva sua voz. Para quem fica, só resta escutar o som que vai se apagando aos poucos até não restar mais ruídos.
Este post é dedicado a todos aqueles que ainda escutam melodias que já se foram.
Porque a saudade nada mais é do que um eco infinito de um som que já se foi.
Um comentário:
que a saudade é o revés de um parto. a saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu.
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