28 de out. de 2008

Liberdade, Igualdade e Fraternidade.



Vejo por aí reclamações diárias, pessoas criando conflitos e fazendo casos com pequenices, tomadas pela falta do que falar e do que pensar. Observo também o peso do individualismo, do egoísmo e da inveja, que fazem com que as pessoas se sintam incomodadas (com elas mesmas) e não enxerguem o melhor que há em tudo. Não estamos sozinhos. Não vivemos sozinhos. Não crescemos sozinhos. Precisamos encontrar o melhor em cada pessoa para poder achar o melhor em nós mesmos. Temos que aprender a viver como irmãos, e não como adversários. Devemos erguer a cabeça e mostrar quem somos, respeitar quem somos, enxergar quem a outra pessoa é, respeitar quem a outra pessoa é. Podemos viver na ilusão de que tudo é uma grande noitada e que um copo de cerveja mata a sede da vida, mas a realidade é dura e uma hora vamos sentir que a sede não passa e que a festa já não anima tanto quanto antes. Vemos, então, as injustiças do mundo... o menino que foi arrastado, o mendigo que foi morto por rapazes inconseqüentes, os pais que brigam, o amigo que percebemos não ser tão amigo assim, a repressão, o medo... Perguntaremos, desolados, a ele: "De que vale então essa sua realidade, se a justiça fracassa, a desonestidade impera e aqueles que conservam a fé acabam se dando mal?" [*] , e ele nos responderá: "Nunca lhe prometi um jardim de rosas, nunca lhe prometi a justiça ideal." [*] E, só quando entendermos o real significado dessa resposta, conseguiremos compreender o porquê de estarmos aqui e por que é tão difícil a convivência com as outras pessoas. A hipocrisia ainda existe e vamos ver muito pseudo-sábios e pseudo-confiantes e (sinto-lhes informar) acreditaremos neles. Confiaremos e seguiremos, até encontrarmos nossas próprias respostas. Somos nós os responsáveis por fazer os nossos dias felizes ou solitários. Só nós mesmos podemos achar o nosso jardim de rosas e só nos daremos conta de que ele está dentro de nós mesmos quando procurarmos pelos quatro cantos do mundo e voltarmos para casa, em busca de algum consolo. Caímos. Não podemos evitar as quedas. A justiça ideal não consiste em não cair. Sofremos. Não podemos evitar as desilusões. A justiça ideal não consiste em ser feliz todo o tempo. Procuramos por respostas e encontramos mais perguntas. Procuramos por convicções e achamos mais incertezas. Trilhamos um caminho rumo a não-sei-onde-vai-dar, cheio de armadilhas e refúgios. Retornos? Só se for em marcha ré, mas com tanta gente que vai estar atrás, você vai acabar voltando ao mesmo ponto. Somos como a fênix, morrendo para renascer das cinzas. Matamos quem éramos para sermos quem somos. E mudamos. Melhoramos. E, no fim, quando tivermos chegado ao ponto supremo, descubriremos que não somos mais apenas nós mesmos. Seremos cada pedacinho das pessoas que encontrarmos em nosso caminho, seremos cada planta que cultivarmos, seremos cada detalhe que construímos. Seremos tão nós mesmos a ponto de sermos cada um que passa por nossas vidas. Aprenderemos, finalmente, que não estamos sozinhos, que não vivemos sozinhos, que não crescemos sozinhos e que não somos nós mesmos sozinhos. Não somos nós mesmos sozinhos. Nós somos o nada. E, ao mesmo tempo, o tudo.


Por Livia T. Leal.


[*] Trecho retirado do livro "Nunca Lhe Prometi Um Jardim de Rosas", de Hannah Green.

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