4 de set. de 2013

O que fiz de minha vida? - Por Livia Leal




Quem nunca se pegou pensando nos sonhos que tinha quando criança, no desejo de virar bailarina, músico, astronauta, ou até mesmo professor, nos planos que criava para a família que iria ter, para a casa que iria construir, para o carro que iria dirigir, para a pessoa que iria ser? Quem nunca se deu conta de como o tempo passa rápido, de como os nossos sonhos vão ficando pelo caminho e outros novos vão surgindo, mas sem a simplicidade dos anteriores?

A vida adulta é mais difícil do que imaginávamos e muito mais exigente do que gostaríamos. Bem aventurados aqueles que conseguem manter-se fieis aos sonhos de criança e driblar as cicatrizes do tempo, serem plenamente realizados. Será que eles existem?

Eu mesma tento manter acesos meus sonhos de criança, mas hoje eles estão abafados, guardados e adiados por desejos que não são genuinamente meus, por prioridades impostas pelo tempo, que corre em uma outra sintonia que não é a minha, que é a de um outro alguém que foi sendo esculpido à medida em que a vida foi exigindo mais de mim.

O que fiz de minha vida? Nem eu mesmo sei. Estou vivendo uma órbita diferente, em um tempo que não reconheço como meu. Tento me encontrar, mas, na verdade, preciso me resgatar no ponto em que me despi de meus objetivos autênticos, de minha crença no mundo.

Meus sonhos de criança seguem adormecidos até que a mesma força do tempo possa reavivá-los. Enquanto isso, sigo buscando um refúgio só meu, um lugar “onde eu possa plantar meus amigos, meus discos e livros, e nada mais...”.

Elis sabia das coisas.

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